O julgamento sobre o porte de drogas foi iniciado em agosto de 2015, mas foi interrompido por um pedido de mais tempo para análise. Ele deve ser retomado nesta quarta-feira
O Supremo Tribunal Federal (STF) pautou para esta quarta-feira a análise de uma ação que discute se o porte de drogas para consumo próprio é crime. Entenda os principais pontos do julgamento:
Qual é a diferença entre descriminalização e legalização das drogas?
A descriminalização prevê que o usuário não seja punido criminalmente pelo consumo pessoal de drogas — por isso, ela é considerada uma etapa inicial. Já a legalização seria a criação de um conjunto de regras para regular o mercado de produção e comercialização da substância.
Se o STF descriminalizar o porte para consumo próprio, uma pessoa poderá andar na rua com uma quantidade pequena de droga?
Não. Pelo entendimento firmado até agora por três ministros do Supremo, os usuários ainda estariam sujeitos a sanções administrativas previstas na Lei de Drogas. O relator do processo, ministro Gilmar Mendes, chegou a citar o exemplo da Espanha que aplica multas de até 30 mil euros ou suspensão da carteira de motorista a usuários de substâncias ilíticas.
A decisão só valerá para maconha ou também contempla outros tipos de droga?
Até agora não há um consenso entre os ministros sobre esse assunto. Gilmar defendeu a descriminalização, mas não especificou a que drogas ele se referia. Barroso e Fachin definiram que o novo entendimento só alcance usuários maconha.
Se houver a decisão pela descriminalização, quem foi pego com pequena quantidade de maconha não poderá ser preso?
De acordo com o voto dos três ministros, dependerá da interpretação do juiz e do policial se a droga encontrada era para consumo pessoal ou para o tráfico de drogas. Se a substância for para uso próprio, não caberá a prisão. Em contrapartida, a pessoa poderá ser sancionada com medidas administrativas, como “advertência sobre os efeitos das drogas; prestação de serviços à comunidade e comparecimento a programa ou curso educativo”, conforme define a legislação.
O que falta para o julgamento ser finalizado?
O julgamento foi iniciado em agosto de 2015, mas foi interrompido por um pedido de mais tempo para análise do então ministro Teori Zavascki. Após a morte de Zavascki, em 2017, o caso foi repassado para Alexandre de Moraes, seu sucessor. Moraes liberou o processo para julgamento em novembro de 2018. Desde então, entrou e saiu da pauta algumas vezes. Quando a análise for retomada, Moraes será o primeiro a votar.